15/02/2025
Ópera "O Guarani" no Theatro Municipal de São Paulo
A temporada lírica de 2025 terá como ponto de partida uma remontagem. Com sucesso de crítica e público, O Guarani, de Carlos Gomes com libreto de Antonio Scalvini e Carlo D'Ormeville, retorna para o Theatro Municipal de São Paulo nos dias 15, 16, 18, 19, 21, 24 e 25 de fevereiro. A obra tem concepção de Ailton Krenak, direção musical de Roberto Minczuk, direção cênica de Cibele Forjaz (Teatro Oficina Uzyna Uzona e Cia. Livre), codireção artística e cenografia de Denilson Baniwa, codireção artística e figurino de Simone Mina, e dramaturgismo de Ligiana Costa. Participação da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coro Lírico Municipal e da Orquestra e Coro Guarani do Jaraguá Kyre'y Kuery.
No elenco de solistas, nos dias 15, 18, 21 e 25 estão confirmados Enrique Bravo como Peri, Laura Pisani como Ceci, e Bongani Justice Kubheka como Gonzales. Já nos dias 16, 19 e 24 teremos Marcello Vannucci como Peri, Maria Carla Pino Cury como Ceci e David Marcondes como Gonzales. E em todas as datas Lício Bruno será o Cacique e David Popygua será Peri Eté (ator), e Zahy Tentehar como Onça Pajé, nos dias 15, 16, 18, 19, e Araju Ara Poti como Onça Pajé, nos dias 21, 24, 25.
O Guarani é uma ópera em quatro atos de Carlos Gomes, tem seu libreto assinado por Antonio Scalvini e Carlo D'Ormeville. Costuma ser reconhecida pelos brasileiros através da abertura de A Voz do Brasil, desde que o programa estreou na rádio em 1935. A obra foi inspirada no romance de José de Alencar, um dos marcos do primeiro momento do romantismo brasileiro.
Em seu enredo, a jovem Cecília de 16 anos, filha de um nobre português, se apaixona por Peri, um jovem indígena de 18 anos. O amor os une e desafia questões culturais. Também estão presentes no enredo a história da disputa entre os povos das tribos Aimoré e Guarani e o interesse econômico da Espanha na colônia portuguesa, representado pela figura de Gonzales.
A montagem, explica a superintendente geral do Complexo Theatro Municipal de São Paulo, Andrea Caruso Saturnino, deixou sua marca na cultura brasileira e agora terá oportunidade de ser vista por mais pessoas. "Em 2023 assumimos o desafio de reunir um coletivo multicultural, incluindo pessoas com experiência fora do ambiente da ópera, que se prontificaram a mobilizar imagens, sons e textos no propósito de revelar outras possibilidades do libreto inspirado em José de Alencar", relembra. "Essa ópera teve uma temporada muito bem sucedida, tanto de crítica, quanto de público, levantou um debate acerca do que pode ser a criação no Brasil e deixou sua marca cultural. Após ser reconhecida internacionalmente através do prêmio da Ópera XXI, ela retorna ao Municipal de São Paulo mais potente".
Nesse sentido, a encenação está longe de seguir apenas o aspecto romântico intrínseco à narrativa, mas respeita e incorpora a força simbólica e icônica dessa primeira grande ópera brasileira, assim como novas elaborações em relação a montagem de 2023, como explica a diretora Cibele Forjaz. "A nova montagem representa uma continuidade do estudo. O encontro da grande ópera de Carlos Gomes com a ocupação dos guarani. A mudança do papel de Jahy Tentehar, que será a Onça Pajé, uma espécie de força própria da natureza. As características das personagens estarão mais impressas na encenação e será uma história mais bem contada. Vai ser mais bonita e profunda", explica.
Já para o maestro Roberto Minczuk, esta é uma obra que tem um brilho único, tanto para as vozes protagonistas de Cecília e Peri, quanto para todos os demais personagens da ópera. "Traz partes virtuosísticas, empolgantes e sublimes para o Coro e também para a Orquestra. É uma ópera de um poder único e de uma vivacidade que promete impressionar o público que a assiste".
Essa produção de O Guarani considera que as questões de identidade presentes no original se articulam sem deixar de fazer reverência à importância histórica da obra de Carlos Gomes e a de José de Alencar. "Estamos fazendo uma remontagem de O Guarani preservando Carlos Gomes e atendendo também ao apelo de Mário de Andrade a que salvemos Peri!, revelando possibilidades do libreto à luz de outras leituras da antropologia e das artes onde os indígenas despontam nesse século XXI, com disposição a tomar a palavra, sem licença ou sem temor da crase — que, como já foi dito, não foi feita para humilhar ninguém", explica Ailton Krenak, responsável pela concepção da montagem.
Do ponto de vista da cenografia, as obras de Denilson Baniwa interagem com a arquitetura do Theatro e compõem o conceito no qual se desenrola a ação. Na terra explorada, mundo-mercadoria e mundo-natureza se contrapõem visualmente, relacionando ouro e corpo, sangue e petróleo, e evidenciando uma exploração agressiva, irreversível e que segue em curso até os dias atuais. "É uma obra de mais de cem anos e é a primeira vez que tem pessoas indígenas a reelaborando e pensando a partir de uma perspectiva atual. Enquanto o Ailton Krenak elabora o discurso e a função da ópera para a cultura e sociedade brasileira, estou feliz de estar junto, elaborando a imagem. Significa pensar a ópera e o livro como parte da formação da imagem que as pessoas têm da população indígena", finaliza Baniwa.
Horários:
- 15/02/2025 • 17h
- 16/02/2025 • 17h
- 18/02/2025 • 20h
- 19/02/2025 • 20h
- 21/02/2025 • 20h
- 24/02/2025 • 20h
- 25/02/2025 • 20h
Mais informações:
Data: de 15 a 25 de fevereiro
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Instagram: @theatromunicipal
Categoria: Musicais
Theatro Municipal de São Paulo, Praça Ramos De Azevedo, República - São Paulo, SP
Não informado
Por Camila Silva
30/01/2025
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